Estava no Supercor, só para pegar um litro de leite - compra que sempre acaba se convertendo miraculosamente em diversos itens adicionais e desnecessários, ainda mais por ser véspera de voltar ao Brasil, quando logo atrás de mim na fila do caixa aparece uma pessoa muito conhecida localmente e nacionalmente.
Fiquei na dúvida e perguntei ao caixa: ‘É o prefeito?’, nem me dando conta que estava usando vocabulário brasileiro.
E ele, ‘É sim, e ele está sempre a fazer compras aqui’.
Quando disse que era um fã, o rapaz no caixa concordou comigo e acabou por chamar a atenção do Rui Moreira, que veio ter comigo para ver o que se passava.
Não resisti ao ver a típica mão já estendida de político, mas com um aperto firme, sincero e de olho no olho profundo.
Novamente não resisti, e disse que era um grande admirador, que o seguia na mídia social e que lia suas colunas. Ele ficou nitidamente surpreso ao ver um brasileiro se declarando fã.
Explicando sem necessidade, disse que não votava em Portugal, que ficava indo e vindo, pois tínhamos casa cá e lá.
Também lamentei o Brasil não ter políticos do calibre dele, algo que imediatamente recebeu uma aprovação sonora de bom tom - e com forte sotaque brasileiro - de uma moça que estava na fila, logo atrás dele.
Ao me dizer que estava de saída do comando da cidade, retruquei que sabia e que era uma grande perda para o Porto, mas que primeiro ministro nunca poderia ser algo a descartar.
‘Estou sempre ao dispor’, foi a resposta imediata num tom mais cauteloso - imagino que por medo de ser escutado por alguém da imprensa ou por alguém que estivesse a gravar a cena.
Se despediu do alto dos seus mais de 1.90 (me senti baixinho com meus 1.83…) e foi arrumar as compras na esteira junto com a esposa.
Sai feliz, me sentindo parte viva da cidade que tanto amo, satisfeito de o ter conhecido.
Quem me dera o Brasil não só tivesse políticos como ele, mas que prefeitos de cidades importantes pudessem ir ao supermercado fazer suas próprias compras sem uma entourage de seguranças.
Já estou com saudades de o ter como “prefeito”.
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