Hoje – dia em que vamos ser bombardeados por mensagens “bonitinhas” de Dia dos Pais – acordei achando que talvez tenha resolvido uma das minhas permanentes indagações: por que insistimos em falar sobre “salvar o planeta Terra” e não em salvar os humanos?
Hoje mesmo no Estadão vi um artigo detonando o Bolsonaro pois ele precisaria aprender que salvar o “planeta” (sic) é bom para a economia.
Como assim, salvar o Planeta? A Terra não precisa de nós para continuar existindo, pelo contrário: estamos aqui há meros ‘segundos’ na História terrestre e a Terra continuará aqui por mais muitos e muitos milhões de anos após termos causado nossa auto-extinção. Somos e sempre seremos irrelevantes na dinâmica terrestre de longo prazo.
Essa visão arraigada no imaginário humano de que precisamos salvar a Terra, e não a nós mesmos, na minha opinião, vem da nossa visão religiosa do mundo.
Ou seja, como supostamente somos criaturas feitas a imagem e semelhança de Deus, a Terra é simplesmente um “presente” para nós (também criado por Deus), que precisaria ser cuidado e preservado.
Mas vamos inverter a lógica por um instante: Deus não existe – pelo menos não da forma antropocêntrica e narcisista criada por nós, somos simplesmente um produto do acaso evolucionário, hoje os humanos são – por mero acaso e não por definição divina – os seres dominantes de uma Era que pode durar meros milhares de anos ou alguns milhões.
Antes de nós, houve outras Eras, dominadas por outros seres vivos e, após nossa possível auto-extinção, há de haver outros seres vivos que serão soberanos no nosso planeta.
Sem o conforto dado por nossa visão religiosa antropocêntrica e narcisista, fica difícil falar em salvar o Planeta, não é? Salvar qual planeta, cara-pálida? Marte e Vênus continuam existindo sem nenhuma vida (conhecida) neles.
Salvar nosso planeta de quem ou do que? Somos meros usuários temporários, tolerados pela Terra, que vai continuar existindo até nosso Sol se apagar, de uma forma ou de outra.
Agora, se não preservarmos as condições que permitam a sobrevivência de mamíferos (humanos incluídos) aqui na Terra, em alguns milhões de anos, quem sabe, teremos novamente dinossauros (ou só baratas mesmo) dominando a paisagem… E a Terra vai estar por aí, forte e firme!
Já os humanos terão desaparecidos há tempos…
Quando todos os ecologistas abandonarem suas visões e mensagens toldadas pela nossas religiões antropocêntricas, quem sabe as massas comecem a entender nossa real (ins)significância para o planeta.
Talvez fique mais fácil reverter nosso atual caminho autocriado para a auto extinção.
Ainda dá tempo, mas não por muito tempo…
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