Não o Esperanto inventado no final do século 19 para ser uma língua neutra e universal usada por todos os povos, mas que nunca decolou. Mas o Elieser falava Esperanto!
Nos últimos dias, ao me emocionar com a imensa quantidade de pessoas tão diversas participando na Shivá, dando seus testemunhos comovidos sobre o querido amigo que se foi de forma inesperada e prematura, eu entendi que o Elieser, sendo um verdadeiro Rappaport de ouvido duro para outras línguas, na verdade sempre falou Esperanto.
Eu sempre me perguntava, após quase três décadas de convívio, como ele tinha se comunicado durante o intercâmbio que fez na adolescência nos EUA, ou nas inúmeras viagens internacionais e nos inúmeros contatos com estrangeiros.
Mas em dezembro de 2018 eu entendi!
Estávamos em Roma e, por coincidência, lá estavam ele e a Karen também.
Teríamos só uma noite para nos vermos e ele logo marcou um encontro em um bar de Tapas.
Chegamos atrasados e lá estavam os dois sentados ao balcão, já comendo petiscos à nossa espera. Ele, mesmo sendo fluente em Esperanto, me pediu para gastar meu parco italiano e confirmar algumas coisas com o proprietário do restaurante.
Sim, ele tinha entendido que não era para servir nada que fosse de porco ou de frutos do mar. Sim, ele tinha entendido onde o Elieser e Karen queriam ir na sequência, e me confirmou as instruções que já havia passado. E, sim, ele tinha colocado música brasileira para tocar!
Eu vi a alegria e satisfação nos olhos do dono do restaurante, o prazer em ter feito tudo certo e ter entendido todos os pedidos daquele brasileiro tão animado, caloroso e efusivo.
Daí caiu a ficha e eu entendi: o Elieser falava Esperanto!
Não aquela coisa chata e burocrática inventada pelo médico pretencioso polonês, mas uma língua verdadeiramente universal, que só aqueles que se dão verdadeiramente para os outros, só os que transmitem seu amor e sua alma com os olhos e com o sorriso, conseguem falar com fluência.
Nos últimos dias, eu descobri que o Esperanto do Elieser tocou tanta gente diferente no coração e na alma, muito mais gente do que qualquer de nós imaginava.
Mas era óbvio, e só nós que não conseguíamos ver: ele falava Esperanto com a alma e o coração!
Descanse em paz, mon beau-frère! Meu lindo-irmão!
Emocionado ,,, parabéns !!!!
Caro Marcelo, que bonito!. Merecida homenagem ao seu cunhado. Abraço!.