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Foto do escritorMarcelo Costa Santos

Na linha do “Estava com Saudades de Postar um Livre Pensar é só Pensar”

Atualizado: 23 de out. de 2023

Há mais de 7 meses, ainda no calor da vitória eleitoral do “Salvador da Democracia”, eu postei um dos meus últimos textões sobre o Brasil, uma análise ácida e “pessimista” sobre o futuro do país, com vaticínios sobre o governo do nosso Augusto Grande Líder Iluminado e Injustiçado e sua união (de novo!) com a escória política que manda há décadas no destino da nação.


Mas após meros 7 meses, sinto que não fui suficientemente crítico e pessimista, pois aqui no Brasil a realidade sempre supera a ficção, numa surrealidade constante.


Uma breve lista:

– (re)normalização da corrupção e (re)aparelhamento do Estado, na mesma rota do Petrolão e Mensalão (vamos ver qual será a ideia brilhante do impoluto e injustiçado Líder Iluminado desta vez…);

– instrumentalização política escancarada do STF e dos níveis inferiores do judiciário, felizes por preservar seus privilégios em troca de manter os dos outros;

– confirmação da incompreensão profunda das mudanças geo-politicas e econômicas no mundo e, mais importante, na dinâmica de poder do país. Não temos mais bônus demográfico, a situação fiscal não está ajustada como em 2002, não há super ciclo das commodities, a dinâmica comercial do mundo mudou radicalmente, nossa produtividade industrial cai há 30 anos, nossa participação no PIB mundial cai há mais de 40 anos, nosso nível educacional e a Produtividade Total dos Fatores são ridículas, a China está entrando em longo período de crescimento medíocre e, ao contrário do que o Lula e o PT acreditam, quem pauta a agenda do país é o Centrão no Legislativo. Os tais poderes mágicos de articulação do Lula acabaram e eles não entenderam isso ainda. O mundo mudou, e muito!;

– uso do STF para implementar políticas que foram ou serão barradas pelo Centrão, num arroubo anti-democrático, anti-institucional (vulgo tentar ganhar no tapetão) e que pode gerar uma reação virulenta da sociedade e do legislativo, além de explicitar de vez os reais objetivos anti-democráticos do governo e do PT;

– desespero ineficiente e ineficaz em reverter a decadência econômica inexorável e resultado de décadas de políticas equivocadas, a esmagadora maioria delas sustentadas por narrativas econômicas mágicas e amadas pelo PT, pela esquerda e por toda a direita patrimonialista do país (vide próximo ponto);

– tentativas, algumas pela quarta vez (vide indústria naval), de repetir políticas industriais e econômicas que não funcionaram aqui ou em qualquer lugar do mundo, num sintoma claro de insanidade profunda (repetir o que não deu certo esperando resultados diferentes!) – a ideia em curso de ressuscitar os carros “populares” (sic) nem patética é, de tão trágica e ridícula. Há 70 anos a indústria automotiva é protegida e incentivada pelo governo. Não deu certo, gente! Basta!;

– desespero político ao fazer um “revogaço” via decretos e mudar a direção do país contra um legislativo nitidamente de “direita” e mais “liberal” economicamente do que esperavam os salvadores da democracia;

– ataques ao Banco Central, aos juros altos, às privatizações e à dívida pública, entre outros, como se os sintomas fossem os culpados pela doença;

– tentativa ridícula e insuficiente de ajuste fiscal. O mercado financeiro, como sempre, está em auto-engano sobre o “ajuste fiscal” (sic), mas logo irá cair na real de novo (olha aí, gente, uma boa janela para mandar dinheiro para fora ou surfar os juros altos até 2025!);

– as inúmeras notícias diárias, que passam quase desapercebidas, e que mostram os grupos privilegiados se mobilizando eficientemente contra as parcas e pouco profundas tentativas de reformas. A mais óbvia é a fortíssima resistência à única tentativa revolucionária do governo: a reforma tributária do Appy, que será desfigurada além do razoável, criando mais jabuticabas ineficientes que são a eterna praga do país, preservando a estrutura tributária bizantina que perpetua privilégios e afunda a economia. Continuamos na toada “quem tem privilégios são os outros, o meu privilégio é ‘direito adquirido’”;

– tentativa patética de fazer um necessário e importante reposicionamento diplomático do país após a tragédia Bolsonaro. Mas da pior forma possível!


Se o governo do Bolsonaro começou a destruir a imagem do país no exterior, o Celso Amorim continua o esforço de forma exemplar, pautado por visões ideológicas toscas e obsoletas. Nem preciso detalhar o evento Maduro-Venezuela, a defesa de outras ditaduras (mas que são inimigas do meu inimigo!) e a boçal posição do Brasil perante a guerra na Ucrânia, entre tantas patetices terceiro-mundistas dos anos 50 e 60.


Só como curiosidade, o Bolsonaro era um grande admirador do Hugo Chavez e do Putin, apoiando a Rússia na guerra. Incrível como os imbecis dos dois lados do espectro são tão parecidos!


Ou seja, está pior do que eu previa e ainda vai piorar. Sei que quase ninguém lê ou comenta meus textões. Mas fica registrado aqui.


Daqui a mais 7-8 meses, se eu tiver saco, eu retorno para ver se a merda deu para todos ou se faltou merda para alguns.


Enquanto isso, o mundo acelera e vamos ficando para trás, como fazemos há mais de 40 anos.






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