Países enriquecem, fundamentalmente, através do crescimento da sua produtividade.
Crescimento populacional cresce o PIB, mas de nada adianta ter um PIB grande repartido por centenas de milhões ou bilhões de pessoas, tal como China, Índia e Brasil.
Esses três países são economias grandes, isto é, com PIB entre os 20 maiores do planeta.
Mas quando ajustamos para o número de pessoas que produz o tal PIB, temos a verdadeira dimensão da riqueza daquele país.
Ou seja, você prefere morar na Dinamarca, que tem um PIB per capita de quase US$70.000/ano, com uma economia “super pequena”, ou inflar o peito com ufanismo barato e morar todo orgulhoso numa economia “gigante” como o Brasil (PIB per capita de US$7.500), Índia (US$2.200/per capita) ou China (US$10.500/per capita)?
O que os três gigantes têm em comum é uma renda obscenamente concentrada, trazendo a sensação de que, afinal, eles não são tão pobres assim para quem visita as “partes ricas” de cada país.
Na Índia isso é menos óbvio, tamanha a zona e miséria generalizada, mas Brasil e China ostentam regiões ou cidades que se parecem com as dos países ricos.
Ledo engano…
China e Brasil estão em começo de tragédias demográficas. Se a China é muito mais avançada tecnologicamente e educacionalmente do que o Brasil, por outro lado está aprofundando sua ditadura, reduzindo a liberdade econômica e a criatividade e, pior, está começando a perder acesso às tecnologias ocidentais, fundamentais para manter seu crescimento.
Quando um país tem mais gente entrando no mercado de trabalho do que aposentados e em idade escolar, acontece um fenômeno chamado de “bônus de demográfico”.
China e Brasil atravessaram esse fenômeno nas últimas décadas, mas agora – por razões diferentes – vão enfrentar um longo “ônus demográfico”, com suas populações envelhecendo e encolhendo ao mesmo tempo e em velocidade, ainda sendo países pobres. Ou seja, a receita para crises econômicas estruturais e prolongadas. E a quase certeza de empobrecimento geral e paulatino de suas populações.
Tenho pensado sobre esses assuntos recentemente, tanto por achar que a China não tem a menor chance de se transformar na tal potencial mundial que tantos achavam inevitável há pouco tempo, como para confirmar minhas visões de declínio do Brasil e Índia.
De promessas de sermos (os BRICS) o novo polo de riqueza do planeta, estamos todos fadados à mediocridade e ao empobrecimento relativo versus o mundo ocidental rico.
Esse texto foi inspirado por duas notícias de hoje, ambas no Valor Econômico: queda forte da produtividade do Brasil e inflação anual na Argentina batendo mais de 100%.
Até o plano Real o Brasil sempre resolveu seus conflitos distributivos pela inflação crônica, por isso foi impossível não ligar os dois fatos.
Com o esgotamento do modelo econômico brasileiro em vigor desde os anos 90 – somada a uma política estruturalmente disfuncional, resta a volta da inflação crônica como modo de resolver o problema distributivo, concentrando renda e empobrecendo ainda mais o país.
Já quanto à Argentina, nem preciso comentar nada. A destruição incrível de riqueza que eles mesmos fizeram nos últimos 120 anos é auto-explicativa.
PS: a India dispensa comentários mais detalhados, pois lá a tragédia humana, ambiental e econômica só tende a piorar.
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